As primeiras memórias

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Liceu de Ponta Delgada, Natal de 1967.

 

As crianças da 1ª classe vieram a pé até ao Ginásio deste liceu.

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Aqui, pelas 3 da tarde a magia aconteceu: um espetáculo no palco. O momento alto foi a Valsa da Meia-noite acompanhada por 10 pequenas bailarinas.

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Era um simples espetáculo de escola, mas na minha memória ficou como o mais maravilhoso espetáculo de todos os tempos, magnífico, brilhante, numa sala majestosa.

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Quando lá voltei passados alguns anos, na minha adolescência, verifiquei que era um velho ginásio, triste e sem brilho. Provavelmente, nunca teve qualquer magnificência.

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Seria a magia do teatro?

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Nas minhas memórias, há outros espetáculos de revista à portuguesa, raros numa pequena cidade no meio do Atlântico.

 

A televisão compensava, transmitindo nos serões pachorrentos peças de teatro, algumas gravadas em teatro outras reconstruídas em estúdio, não perdendo o eterno sabor do teatro.

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Era teatro visto em poltrona de sala, em noites de inverno, com manta pelos joelhos e vento e chuva lá fora.

 

Foi aí que vi, surpreendido, aos 17 anos “À Espera do Godot” de Samuel Beckett.

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Nas viagens a Lisboa, nos anos 80 e 90, aproveitava para ver de seguida vários espetáculos de teatro:

 

• Mário Viegas em vários espectáculos;

• Rui de Carvalho no "Encoberto" de Natália Correia;

• Filipe La Féria, ainda na Casa da Comédia;

• Raul Soldado em "Há petróleo do Beato";

• Eunice Muñoz em "Mãe Coragem e os seus Filhos", de Bertold Brecht,  1986,  Lisboa;

• Alexandra Lencastre na "Gaivota" de Tchecov em 1992;

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O fascínio do teatro ficou.

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Em 2005, Rita Guerreiro da Cassefaz, trouxe o o desafio:

um espetáculo cujo final dependesse da participação do público: teatro interativo. Assim, surgiu a primeira de três peças teatrais sobre o Tomé, a personagem que queria ser pessoa verdadeira.

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Em 2004, a Rita Guerreiro lança novo desafio: teatro a bordo de um autocarro, pelas estradas do parque de Monsanto, em Lisboa (Portugal).